Situada em um terreno de contornos irregulares, a casa na Vila Madalena emerge como um monólito de concreto, que se desfaz à medida que se relaciona com o lote. No pavimento superior, aberturas estratégicas servem aos quartos, tanto na frente quanto nos fundos. No térreo, um movimento ousado da estrutura balanceia a edificação em duas direções, tudo ancorado por uma escada/pilar que transfere, de forma precisa, a carga ao solo.

Ao explorar seu interior, a madeira se revela, adornando paredes e tetos. Este teto, ocasionalmente, brilha com luz proveniente de pérgolas ou clarabóias. No espaço do lote, a casa se desdobra: base, sala de estar, varanda e áreas de descanso.

Como numa brincadeira com a rigidez do concreto e o ensaio de uma área social muito integrada, uma das fachadas laterais desce em uma diagonal rumo ao piso – uma tentativa de um delicado gesto – que na verdade esconde uma fundação com características muito específicas, exigidas para suportar a carga do pavimento superior. Para manter a luminosidade e proteger a sala de estar da chuva ou vento, painéis de u-glass foram posicionados em forma negativa ao concreto.

Concebida para uma jovem família, ela surpreende em tamanho, aproveitando do declive para estruturar três níveis de uso: área social e de serviços na cota de acesso, escritório, academia e brinquedoteca na cota mais baixa e, por fim, dormitórios no primeiro andar, oferecendo vista para a copa das árvores e privacidade.

Aparentemente sóbria em seu exterior e de uma certa essência brutalista, internamente ela é abraçada pela madeira, que marca presença em toda a área social, e se dilui, aos poucos, para alguns elementos nos dormitórios e áreas mais reservadas.